domingo, 9 de agosto de 2009

Uma vez Escuteiro...



25. Não importa para onde é a tua caminhada; é sempre encosta acima e contra o vento.
26. Toda a partícula que voa encontra sempre um olho.

sábado, 1 de agosto de 2009

Livros e leituras...

Desde que me lembro que ler é uma paixão, um vicio. Aos 5 anos ja sabia ler e sentava-me a ler o jornal do meu pai aos domingos de manhã. Claro que aquilo não fazia sentido nenhum, mas adorava conjugar as letras.
Foi a minha mãe que me ensinou a ler com a ajuda da cartilha maternal de João de Deus. E desde aí foi como uma doença. Houve apenas um breve período da minha vida que de tão alheada de tudo que estava até de ler me esqueci.
Agora, e aproveitando as férias, reli: "Cem anos de solidão" (juro que me perco entre as gerações de Aurelianos e José Arcádios!!), "O Amor nos Tempos de Cólera", e li ainda, "No teu deserto" (quase romance) do Miguel Sousa Tavares. Esta pequena narrativa é algo de impressionante. Eu , que nem sequer nunca fui a Marrocos (o unico areal mais extenso que conheço é o da Costa), parece-me que após a leitura deste livro até tenho recordações do Sahara.
É isto que me atrai na leitura: o poder imaginar, sentir, visualizar, situações, personagens, cores, cheiros, locais, sem nunca sair do mesmo sitio.
Com um livro nunca estamos sozinhos, estamos com o autor e com as personagens. E aprendemos sempre qualquer coisa nova, com qualquer tipo de leitura.
O primeiro poema que li, de João de Deus, que vinha na tal Cartilha e do qual nunca me esqueci:

Era já noite cerrada,
Diz o filho: "Oh minha mãe,
Debaixo daquela arcada
Passava-se a noite bem!"
A cega, que todo o dia
Tinha levado a andar,
A tais palavras do guia
Sentiu-se reanimar.
Mas saltam dois cães de gado,
Que eram como dois leões:
Tinha-os à porta o morgado
Para o guardar dos ladrões.
Tornam os pobres à estrada,
E aonde haviam de ir dar?
Ao palácio da tapada
Onde el-rei ia caçar.
À ceguinha meia morta
Torna o filho: "Oh minha mãe,
Ali no vão de uma porta
Passava-se a noite bem!"
- Se os cães deixarem... (diz ela,
A triste num riso amargo),
Com efeito a sentinela:
- "Quem vem lá?... Passe de largo!
"Então ceguinha e filhinho,
Vendo a sua esperança vã,
Deitaram-se no caminho
Até romper a manhã!...

Miséria
João de Deus