domingo, 28 de junho de 2009

Não se reconquista o amor com argumentos...



"Não te esqueças de que a tua frase é um acto.

Se desejas levar-me a agir, não pegues em argumentos. Julgas que me deixarei determinar por argumentos? Não me seria difícil opor, aos teus, melhores argumentos.

Já viste a mulher repudiada reconquistar-te através de um processo em que ela prova que tem razão? O processo irrita. Ela nem sequer será capaz de te recuperar mostrando-te tal como tu a amavas, porque essa já tu a não amas. Olha aquela infeliz que, nas vésperas do divórcio, teve a ideia de cantar a mesma canção triste que cantava quando noiva. Essa canção triste ainda tornou o homem mais furioso.

Talvez ela o recuperasse se o conseguisse despertar tal como ele era quando a amava. Mas para isso precisaria de um génio criador, porque teria de carregar o homem de qualquer coisa, da mesma maneira que eu o carrego de uma inclinação para o mar que fará dele construtor de navios. Só assim cresceria essa árvore que depois se iria diversificando. E ele havia de pedir de novo a canção triste.

Para fundar o amor por mim, faço nascer em ti alguém que é para mim. Não te confessarei o meu sofrimento, porque ele te faria desgostar de mim. Não te farei censuras: elas irritar-te-iam justamente. Não te direi as razões que tu tens para me amar, porque não as tens.

A razão de amar é o amor.


Antoine de Saint-Exupéry
in 'Cidadela'

3 comentários:

gatinho romano disse...

ada-se again.

bolas e bolinhas

xein disse...

e eu acrescento.... amar é comprar um menú mais caro para repartir as batatas!!! beijoooo minha amiga!!!

Morgainne disse...

Hummm aqui há gato!!!

Xein: repartir as batatas é sempre bom!