quarta-feira, 24 de março de 2010

Sinto ainda mais...

Eu vou te contar que você não me conhece...
E eu tenho que gritar isso porque
você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza à você...
Ao fim de tudo você permanece comigo,
mais preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira
um abismo maior nos separa...
Você não tem um nome, eu tenho...
Você é um rosto na multidão,
e eu sou o centro das atenções,
mas a mentira da aparência do que eu sou,
e a mentira da aparência do que você é.
Por que eu, eu não sou o meu nome,
e você não é ninguém...
O jogo perigoso que eu pratico aqui,
ele busca a chegar ao limite possível da aproximação.
Através da aceitação, da distância, e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia que nos separa...
Eu quero que você me veja nua, eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada, te denuncia, e te espelha...
Eu me delato, tu me relatas...
Eu nos acuso, e confesso por nós.
Assim, me livro das palavras,
Com as quais você me veste.

FAUZI ARAP (introdução declamada por Maria Bethânia)


Eu sei que eu tenho um jeito
Meio estúpido de ser
E de dizer coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito
Todo próprio de amar e de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
Eu faço, e desfaço, contrafeito
O meu defeito é te amar demais
Palavras são palavras
E a gente nem percebe o que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mais o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar

Isolda e Milton (Maria Bethânia)

Sinto...

Porque é o ser humano tão indeciso, tão inseguro?
Uma pessoa pode ser independente, dona do seu nariz e destino, mas mesmo assim vê-se preso a convenções, compromissos, formação educacional transferida (tantas vezes à força!) pelos nossos pais e família.

Personalidade forte, nobreza de carácter, capacidade para distinguir o que é certo (para uns) do que é errado (para outros) e parece que tudo se vai por um único instante. Tudo se perde.
É fácil ter auto-estima e gostar de nos próprios quando nos negamos a conquistar, seduzir, oferecer “quentinho” a alguém. Claro, eu gosto de mim, tenho a auto-estima em alta; habituei-me a viver sozinha (diferente de solitária). Lá em casa sou eu quem trata de tudo, no carro também, ou não trato, que é o que acontece a maior parte das vezes, mas não deixa de ser um problema só meu. Já não me meto em aventuras de conquistar ninguém, de dar de mim, digo eu (aos meus amigos) que já não tenho paciência, já não há pachorra para aturar alguém…

E pumba… quando menos se espera cai-nos a bomba no colo.

Assim do nada, quando já achamos que 2/3 dos homens que existem são casados (o que se comprova…) e o outro terço é estúpido, parvo, ignorante, sem interesse, maluco ou prestes a enlouquecer, saídos de relacionamentos estragados e perdidos na vida.
E de repente aparece-nos um, assim caidinho do céu, e estamos tão despreparados que nos deixamos ligar; e basta pouco, muito pouco para nos ligarmos a alguém. Não estou a falar de amor nem de paixão sequer, estou a falar de uma ligação... Basta fazer um pouco de quentinho e aí estamos nós preparados para… para mais do que o que temos mas também para mais do que quase sempre queremos.

(p.s. Quentinho é algo muito intimo, doce, de olhar, de carinho, de toque, de abracinho, de quase nada, que é quase tudo…)